segunda-feira, 23 de abril de 2007

SEM TÍTULO

quem semelha vento
escolhe suas próprias tempestades
envolve nua e sóbria a verdade
queima a parelha do invento

se é no vulgo que fulgura o seu gracejo
é por dentro – atrás da carne – que ganha relevo
é por dentro – atroz alarde – que assanha os nervos
cede ao vulto que tortura o seu desejo

seja um murmúrio o que lhe fecha o pensamento
ou imprevisto que desnuda véus aos ventos

(é Mefisto que desmonta seus intentos
seda lúgubre que descerra os sentimentos)

se é no luto que figura o seu desejo
é por dentro – feroz contraste – que arranha o nervo
é por dentro – feliz tatibitate – que apanha o relevo
mede o bruto a figura de seu gracejo

quem espessa o tento
acolhe suas próprias temeridades
recolhe dura e mórbida vontade
teima na centelha do momento

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